Era uma vez uma pequeno rancho aninhado nos vales verdejantes, onde as bananeiras se estendiam em fileiras ordenadas ao redor de uma pequena lagoa. No coração desse rancho vivia uma menina chamada Mana. Seus olhos eram escuros como as folhas secas das bananeiras, de um escuro profundo e cheio de curiosidade.
Mana adorava explorar os arredores. Ela corria pelos campos, mergulhava nos riachos cristalinos. Mas o que mais a fascinava eram as bananeiras. Elas pareciam guardiãs silenciosas, com suas folhas largas e frutos pendentes.
Um dia, enquanto brincava próximo a lagoa, Mana decidiu ler um livro em meio as bananeiras. Suas páginas já amareladas lhe fascinava ainda mais, algumas palavras ainda eram uma fonte de conhecimento para ela; o levou consigo e as vezes sentava-se entre as bananeiras para ler.
As palavras a transportavam para mundos distantes. Ela conheceu heróis corajosos, criaturas mágicas e lugares exóticos. As bananeiras balançavam suavemente ao vento, como se também quisessem ouvir as histórias. Mana se perdia nas páginas, esquecendo o tempo passar.
À medida que as estações mudavam, Mana crescia. Seus cabelos escuros se tornaram mais longos, e seus olhos brilhavam com sabedoria, parecia ler uma relíquia de tempos antigos. Mana sabe que as palavras têm poder, elas nos conectam ao passado e nos guiam para o futuro. Continuava lendo, parecia até que as bananeiras ouviam sua leitura e talvez elas revelem segredos que só o universo pudesse desvendar.
E assim, entre as bananeiras, Mana encontrou não apenas histórias, mas também sua voz. Ela se tornou a guardiã das palavras, compartilhando a magia dos livros com seu próprio mundo. E até hoje, dizem que, se você ouvir atentamente, pode ouvir o sussurro das bananeiras contando histórias ao vento.
Mana adorava se esconder entre as bananeiras, ela encontrava refúgio ali, onde o verde das folhas a envolvia como um abraço. O livro que ela segurava era seu companheiro fiel, suas páginas amareladas pelo tempo e pelas mãos curiosas. Um dia, enquanto Mana lia sobre aventuras distantes, algo chamou sua atenção. Um movimento rápido, um lampejo de branco. Ela ergueu os olhos do livro e viu um cachorro-do-mato observando-a. Seus olhos eram como duas pérolas brilhantes, fixos nela. O cachorro-do-mato era uma criatura misteriosa. Sua pelagem cinza-claro se camuflava perfeitamente entre as bananeiras. Mas o que mais a intrigava eram suas presas brancas e afiadas, reluzindo à luz do sol filtrada pelas folhas.
Ele não se aproximava, apenas a observava com curiosidade. Mana sentiu uma conexão inexplicável com aquele animal selvagem. Talvez fosse o amor pelos livros que os unia, ou talvez fosse algo mais profundo, uma compreensão silenciosa.
Mana fechou o livro e ficou parada por alguns segundos, o cachorro-do-mato temendo tê-la assustado afastou-se lentamente, com suas orelhas arredondadas se movendo como antenas.
E assim, entre as bananeiras, Mana e o cachorro-do-mato compartilharam momentos de silêncio. Com o tempo, Mana percebeu que o cachorro-do-mato era mais do que um espectador. Ele era um confidente, um cúmplice em sua busca por conhecimento. E, quando ela fechava os olhos à noite, podia ouvir o sussurro das bananeiras e o farfalhar de suas presas brilhantes.
O cachorro-do-mato nunca revelou seus próprios segredos, mas Mana sabia que ele guardava histórias antigas em seu coração. Eles eram dois viajantes solitários, unidos pelo amor às palavras e à natureza.
E assim, entre as bananeiras, eles criaram sua própria narrativa, onde o mundo real e o imaginário se entrelaçavam. E, quando o sol se punha, o cachorro-do-mato passeava silencioso na mata, mas com certeza nunca esquecera Mana e seu coração cheio de mistério.
A menina cresceu, e o cachorro do mato se tornou uma lembrança distante. No entanto, toda vez que ela mergulha em um novo livro, a imagem do olhar curioso daquele animal selvagem ressurge, como se as páginas das histórias guardassem um pedaço da floresta e da infância.
A medida que os anos passavam, a menina mergulhava cada vez mais fundo nos livros. Ela viajava para terras distantes, explorava mundos mágicos e desvendava segredos antigos. Mas, em algum lugar no fundo de sua mente, o olhar curioso do cachorro do mato permanecia. O tempo passou, e ele a visitou em outros lugares e sussurrou “Você se lembra de mim?” ela não ouviu, mas ele sabe que ela lembra dele.