No bailar do tempo somos todos passistas sem privilégios de escolher a música. Mais esse detalhe não justifica a gente parar de bailar, sabem por que? Simples, até em uma coreografia sincronazada ainda existem tempos e movimentos diferentes, nem que sejam quase inperceptíveis eles acontecem com certeza. Imaginem se o tempo nos permitisse escolher nossa dança, qual seria a lógica. Em um mundo de característica egoista e individual na maioria de seus habitantes, muitos ficariam fora da ciranda.
É verdade que temos o direito de ser feliz, mais esse direito não é somente nosso. O mundo gira em um pino falso, desigual, desumano, hipócrita, irreverente, e esperançoso, tudo isso e muito mais, são ritmos do bailar do tempo. Quanto a nós somos um misto de ouro e lata, passistas persistentes na avenida com pista seca ou molhadas, precisamos continuar dançando para alegrar ou ficar alegre.
O poeta escreveu: Cai o brilho do sapato do passista mas o samba tem é que continuar, e esse samba pode representar a vida em suas diferentas etapas, passos, saltos, a direita ou a esquerda, cada um em seu próprio bailado. Não podemos ignorar o tamanho de uma estrela, mesmo assim em muitas vezes pequenas núvens não nos deixa vê-la, e quando temos paciência de esperar a nuvem passar, somos recompensados com a beleza do astro, assim é a vida.
Ouvi uma frase interessante; quem planta tamareiras no colhe tâmaras. Na verdade elas demoram apenas quatro anos para dar frutos, mas a tâmara pode demorar até quinze anos para nascer. Se alguém plantar, elas nascerâo e algum dia frutificarâo, mesmo que a colheita seja feita por outra pessoa, valeu a pena.
Em nosso bailado precisamos alegria para o futuro, e assim seremos uma linda música que passa de geração a geração. Não importa o ritmo, o importante é bailar no tempo, as vezes no passe dele, e outras no nosso, paz, amor e esperança, serão instrumentos que nos dará motivos e motivação para bailar no tempo.
Antônio Lopes Bezerra