Certa vez um monarca contratou um construtor para construir um castelo de letras para homenagear a cultura, e convidou o sábio mais velho da corte para acompanhar os trabalhos. Devido o moço ser bastante jovem possivelmente teria muito o que ensinar ao velho sábio.

O desenho da planta chegou as mãos do rei acompanhada com uma linda maquete, o rei aprovou de imediato o projeto arrojado e moderno. Desde os alicerces o sábio as vezes sugeria alguma mudança, que sempre era rejeitada, e as vezes com comentários deselegantes(meu velho seu tempo passou, antes era pago para pensar, e agora nem isso tem a mesma importância, os novos surgiram).

O sábio riu e sugeriu um pequena aposta, que a parte mais alta do castelo seria reconstruída de acordo com a orientação dele, se isso acontecesse o construtor doaria vinte por cento do que havia ganho, para as crianças pobres de uma aldeia vizinha, caso contrário ele daria ao moço todo o ouro que havia guardado durante anos de trabalho.

O construtor nem pensou, firmou o acordo. Na proporção em que a construção evoluía, o sábio parecia mais tranquilo e feliz. Um dia o construtor perguntou: meu velho, tem quanto em ouro na sua botija?  

-Amigo eu nunca me preocupei com o quanto vai ganhar para construir o castelo, fique tranquilo.

Depois de alguns anos o magnífico castelo da cultura havia sido construído, faltava apenas colocar três letras nas principais torres. Então os dois foram até o monarca e perguntaram se ele tinha alguma preferência, e esse apenas disse: estou pagando para que fique feito, pretendo apenas ouvir sua sugestão.

O construtor informou que o ideal seria colocar três letras enormes nas torres, homenageando o princípio do alfabeto, podendo futuramente ser conhecido como castelo ABC.

O rei achou a ideia brilhante, no entanto perguntou ao sábio o que ele feria. O sábio concordou com as letras, o construtor falou, então ganhei seu ouro.

-Possivelmente, mas eu colocaria as letras em outra sequência, CBA.

O monarca ficou curioso e quis saber o por que, e o sábio calmamente explicou.

C de consciência, sem ela toda existência é duvidosa

B de bondade, um atributo dos mais benéficos para corpo e alma

A de amor, onde existir consciência e bondade, o amor encontrará um abrigo

O rei olhou para o construtor e determinou que as torres teriam as letras na sequência a qual o sábio havia escolhido. o Moço olhou para aquele senhor de cabelos prateados  e perguntou, Sabe o valor dos vinte por cento?

-Não precisa informar, apenas cumpra o nosso acordo.

Antônio Lopes Bezerra