Velhas fotografias, amareladas de saudades ou de esquecimentos, já que o todo poderoso tempo não se preocupa com elas porque ele se diverte mesmo é com a gente, e no seu estilo de indiferença coloca em um só barco o amor e o ódio para disputarem a cada centímetro sentimentos para as suas coleções abstratas, ondo passado e o presente nascem e morrem em cada um de nós.
Essas velhas fotografias que ainda parecem vivas e presentes, mas são apenas fantasmas errantes. E por mais que queiram me encontrar já estão em um álbum do qual eu posso virar a página sem precisar murmurar ou tentar reviver, e nada adiantaria traze-las para o meu momento, são águas que se foram e nunca mais as mesmas banharam o leito do rio.
Mesmo assim as velhas fotografias são minhas acompanhantes, e por mais que eu não queira me encostar nas colunas do tempo e do passado, quando olho para elas as lágrimas banham a minha face e um sorriso sem graça denuncia o estado de loucura.
Quantas vezes sorrimos e choramos simultaneamente e procuramos disfarçar o envolvimento que temos com velhas fotografias que nos falam de amor e saudade, e de outras até que nos enraivece porque mostram a nossa ingenuidade, mas não podemos fugir das leis naturais em que procurando a felicidade, poderemos encontrar a dor.
Em nossas vidas será possível chegar ao ancoradouro e festejar a nossa chegada, ou nos depararmos com as tempestades, e a gente navegar em um barco sem velas em águas geladas, tendo apenas as estrelas para iluminar a nossa trajetória e sem a certeza de que encontraremos um cais para ancorar.
É assim mesmo a vida, apaixonante, surpreendente, e em algumas ocasiões decepcionante, mas vamos fotografá-la de qualquer jeito, e quem sabe no futuro as nossas velhas fotografias nos deem o prazer de sorrir, e que as lágrimas permaneçam nos oceanos da lembrança.
A.L.Bezerra